Quem são as algas?

A ciência é um campo muito dinâmico e é natural que os sistemas de classificação estejam em constante transformação. O sistema de cinco reinos proposto por Robert Whittaker em 1969, que perdura até hoje em muitos livros didáticos, considera primordialmente semelhanças morfológicas e fisiológicas. Atualmente, muitos trabalhos utilizam ferramentas de biologia molecular para elucidar as relações de parentesco entre os diversos organismos, revelando que muitos grupos antes estabelecidos não possuem qualquer significado taxonômico e, portanto, novas filogenias têm sido adotadas (ver figura no fim do texto).
Um desses grupos é o das algas. Elas estão agrupadas em filos conforme a organização do talo, pigmentação, constituição da parede celular e substâncias de reserva.  São avasculares e, portanto, sem organização de raiz, caule e folhas. A maioria de seus representantes é aquática, mas alguns vivem no ambiente terrestre.

Os filos englobados pelo termo “algas” são:

Cyanobacteria (cianofíceas ou algas azuis): Procarionte. Talo unicelular, colonial ou filamentoso. Possui clorofila a, ficobiliproteínas (pigmento que confere coloração avermelhada ou azulada e atua como reserva de nitrogênio) e carotenóides (cor amarela, laranja ou marrom). Sua reserva é o amido das cianofíceas (semelhante ao glicogênio). Bainha de mucilagem envolve as células e colônias, permitindo fácil reconhecimento ao microscópio. Acinetos (célula de resistência) e heterocitos (célula responsável pela produção de nitrogenase, enzima que fixa nitrogênio molecular)


Anabaena crassa

Prochlorophyta: Procarionte. Talo unicelular ou filamentoso. Possui clorofila a e b e carotenóides. Amido semelhante ao das cianofíceas. Seus representantes já pertenceram à Cyanophyta, porém o novo filo foi criado devido à ausência de ficobiliproteínas e presença de clorofila b. Infelizmente, não achei nenhuma foto interessante para ilustrar.

Euglenophyta: Eucarionte. Talo unicelular e móvel por flagelos (1 ou 2). Sua reservaa é o paramilo. Não possui parede celular, mas internamente à membrana plasmática tem uma película protéica organizada espiraladamente. Na porção anterior da célula está localizado o estigma (ou mancha oceolar), estrutura relacionada à captação de estímulos luminosos. Sua cor alaranjada deve-se aos carotenóides. Algumas espécies são heterotróficas.


Euglena spirogyra

Dinophyta (dinoflagelados): Eucarionte. A maioria dos representantes é unicelular, porém alguns podem formar colônias pela não separação das células recém divididas. Possui clorofila a e c2 e carotenóides. Sua reserva é constituída por amido e alguns lipídeos. Quando presente, a parede celular é interna à membrana plasmática e composta por celulose. A característica marcante deste grupo é a presença de dois flagelos, um na porção posterior e outro circundando o plano equatorial da célula, o que confere um movimento de rotação. Existem também formas heterotróficas.


Ceratium hirundinella

Bacillariophyta (diatomáceas) : Eucarionte. Maioria é unicelular, mas existem também formas coloniais. Possui clorofila a, c1 e c2 e carotenóides. Sua principal substância de reserva é a crisolaminarina. A parede celular é composta por sílica.


Pinnularia sp. e Coscinodiscus sp.

Phaeophyta (algas pardas): Eucarionte. Não existem formas unicelulares. Talo filamentoso, pseudoparenquimatoso (filamentos justapostos unidos por mucilagem)  ou parenquimatoso. Possui clorofila a, c1 e c2 e carotenóides. Laminarina e manitol são suas principais substâncias de reserva. A parede celular é formanda por celulose, alginato e fucoidina.


Laminaria digitata

Rhodophyta (algas vermelhas): Eucarionte. Existem formas unicelulares, filamentosas, pseudoparenquimatosas e parenquimatosas. Possui clorofila a, ficobiliproteínas e carotenóides. Suas principais reservas são amido das florídeas e floridosídeo. A parede celular é composta por celulose impregnada de ágar ou carragena. Estas substâncias, assim como o alginato das algas pardas, são conhecidas como ficocolóides, têm grande valor econômico e serão discutidas em um próximo post. Em algumas famílias há deposição de carbonato de cálcio ou magnésio.


Gracilaria corticata e Porphyra dioica

Chlorophyta (algas verdes): Eucarionte. Talo unicelular, colonial, filamentoso (celular ou cenocítico) ou parenquimatoso. Possui clorofila a e b e carotenóides.  Tem amido como substância de reserva. Parede celular constituída por celulose, sendo que alguns gêneros podem apresentar depósito de carbonato de cálcio.


Ulva rigida e Codium fragile

Hoje se sabe que tais filos são pouco relacionados entre si (figura abaixo), e que apenas as algas verdes e vermelhas possuem parentesco direto com Embryophyta (as chamadas plantas terrestres). Devido a semelhanças bioquímicas, ultra-estruturais, detalhes da divisão celular e dados de biologia molecular, considera-se que um pequeno grupo de Chlorophyta, chamado Charophyceae (considerado por alguns autores como um filo distinto, Charophyta), deu origem às plantas terrestres.

Representação esquemática da filogenia consenso dos eucariontes. Modificado de Baldauf, 2003.

Leituras recomendadas:

Baldauf, S.L. 2003. The deep roots of eukaryotes. Science 300: 1703-1706

Oliveira, E.C. 2003. Introdução à Biologia Vegetal. 2ª edição. EDUSP. 267p.

Raven, P.H., Evert, R.F. & Eichhorn, S.E. 2007. Biologia Vegetal. 7ª edição. Guanabara Koogan. 830p.

Sustentabilidade e esse tal SWU

Sustentabilidade, palavra da moda. Ecologicamente correto, muitos dizem ser.

Segundo o Relatório de Brundtland, sustentabilidade é “satisfazer as necessidades presentes sem compromenter a capacidade das gerações futuras de suas próprias”. O conceito não engloba apenas a conservação ambiental, mas também a relaciona diretamente com a economia, o desenvolvimento social e cultural.

Tenho visto a ampla divulgação e apoio (por muito biólogos, inclusive) ao SWU, um movimento (que se diz) em prol da sustentabilidade, que tem a prerrogativa de que as mudanças em direção a um mundo ecologicamente correto começa com pequenas atitudes de cada cidadão. Tudo muito bonito… É mesmo?

No plano de ação está a mitigação de carbono, através do plantio de árvores. Sempre as árvores! A organização garante que esse plantio será suficiente para absorver as toneladas de gás carbônico equivalentes às emitidas no transporte áereo dos artistas, consumo dos geradores, traslados etc. Eu gostaria muito de saber como foi feito tal cálculo. Mas talvez seja possível que as árvores absrovam tudo, quem sabe daqui uns 300 anos. Será que eles contaram as emissões relativas ao transporte de quem vai ao evento? E à produção de tudo que será consumido pelos participantes?

No mesmo plano de ações diz que “quem levar conta de luz que comprove a redução no consumo de energia no último mês poderá comprar produtos SWU com 10% de desconto”. Hã? Um evento que visa conscientizar sobre sustentabilidade estimulando o consumo? Contraditório, não?

E depois de todo o consumo (posso até imaginar o chão repleto de copos descartáveis, garrafas vazias, embalagens de alimentos), haverá um incentivo à reciclagem, um processo tão caro, que consome muita energia. Antes do R de reciclar há outro dois: reduzir e reaproveitar, ambos citados apenas 2 vezes no plano de ações. Reciclar, reciclagem e afins estão citados 21 vezes.

O R mais importante, o de repensar hábitos incorporados em nossa sociedade tão individualista e consumista não está lá. Será que estará presente pelo menos no Fórum Global de Sustentabilidade, ou ele será deixado de lado entre tantos shows?

O laboratório no ensino de Botânica.

Depois de tanto tempo sem escrever, venho aqui para divulgar mais um curso de extensão universitária oferido pelo Departamento de Botânica do Instituto de Biociências, USP. O curso é voltado para professores da Educação Básica e visa o planejamento e desenvolvimento de atividades práticas.

Maiores informações no folder abaixo.

Mesa redonda sobre células tronco embrionárias

Depois de séculos sem escrever um post, publico este apenas para divulgar uma mesa redonda sobre células tronco embrionárias que ocorrerá amanhã, dia 13/05 (pois é, também só soube hoje), no Instituto de Ciências Biomédicas I (ICB I) na USP, a partir das 17:00. Aberto ao público em geral e com entrada franca. Uma ótima iniciativa dos organizadores que visa aguçar o espírito crítico dos presentes sobre temas polêmicos e de grande importância para a sociedade.

Local: Av. Prof. Lineu Prestes, 1524, Cidade Universitária, São Paulo. ICB I. Anfiteatro Prof. Dr. João Garcia Leme (sala 2 do setor didático).

Episódio 11 – Células tronco, Tibet, Mojo, Tijuco Alto, Dengue, etc


(evento recreativo reunindo crianças portadoras de distrofia muscular – foto: Jonny Ken Itaya)

Esse com certeza é a edição mas sem sentido de todas! O podcast ficou com quase uma hora de duração pois tratamos dos mais diversos assuntos, desde célula tronco (tema principal), barragens, Mojo, dengue, etc…. Mandem comentários via texto (ai em baixo) ou ou audio/mp3 para o usuário podcastdecodificando ARROBA gmail.com

Downloads:
Episódio 11 (MP3, 64 kbps, 59′19″, 27,82MB)
[audio:http://feeds.feedburner.com/~r/decodificando_podcast/~5/263517793/Decodificando011.mp3]
Episódio 11 low (MP3, 16kbps, 59′19″, 7,25MB)
[audio:http://www.decodificando.com.br/podcasts/Decodificando011low.mp3]
Episódio 11 zip (MP3, 64 kbps, 59′19″, 27,16MB)

0’00” – Abertura – Ricardo Macari do Podcast Código Livre
0’40” – Comentários do Podcast 10 sobre Aborto
Didi – Direito é legal
5’30” – Votação da Inconstitucionalidade das Liberação das pesquisas com células-tronco embrionárias.
Voto a favor do Relator Ministro Carlos Ayres Brito em PDF
Acompanhamento processual
Depoimento do Advogado do Congresso Nacional – Leonardo Mundim
Direito e Trabalho – Ellen Gracie no Tribunal de Haia?

20’00” – Divulgação de vídeos na internet do conflito no Tibet
IDGNOW!- China bloqueia Google News e YouTube para abafar crise no Tibete
– 22’00 – Pedro Dória e Cardoso debatem sobre Internet X Ditadura no Campus Party
23’54”Gui Leite pergunta: o Mojo é legal?
Bonjour no site da Apple
– Breve discussão sobre Direitos Autorais
30’00”Vício em Internet é considerado distúrbio mental.
35’00”Grávida que faz aborto deve ir presa?

39’00”Protestos contra a criação da Barragem do Tijuco Alto
Doação da Aracruz e da Votorantim para candidatos (errata – não tem a ver com a barragem e sim com a produção de papel no RS)
43’00”1 caso de dengue por minuto no RJ
– Como diminuir os casos de dengue
Justiça manda indenizar família de vítima de Dengue
48’00” – Pergunta do Rafael Portillo – Criador & Editora – De quem é o direito sobre a obra?
50’00” – Radar eletrônico e a moralidade adminsitrativa
Sapere Aude – É correto a Administração Pública “esconder” os radares?
56’30”Homenagem ao Professor Dr. Osmar Domaneschi


(Colação de grau dos Formandos 2006 – Professor homenageado- foto: Jonny Ken)

Você sabe quais são os 3 pontos de apoio de uma Universidade?

Recentemente o Edney (Interney Blogs) convocou os blogueiros (e porque não os podcasters) para participar da Blogagem Inédita. Como recentemente eu estava conversando com o ele sobre Extensão Universitária, resolvi escrever sobre isso e outras coisas mais.

Eu sempre fui uma criança extremamente curiosa. E por sorte meus pais sempre tentaram responder as minhas perguntas, exceto duas: “qual a diferença entre motel e hotel?” e “qual a diferença de faculdade e universidade?”. A primeira talvez porque eles ficavam sem graça, mas a segunda é porque eles não sabiam mesmo.

(Ensino – Curso de coleta e manutenção de material biológico – Licenciatura Bio- foto: Jonny Ken Itaya)

Existem diversas respostas para diferenciar uma Faculdade de uma Universidade, desde respostas simples como “Faculdade ministra cursos na mesma área, já a Universidade dá curso em diversas áreas” até respostas mais “politicas” como “Universidades gozam de autonomia plena gerenciar seus cursos“. Mas para mim, a diferença real está no Tripé que toda Universidade se apóia: PESQUISA, ENSINO, e… e… (vá pensando)

(Amanda pesquisando como optimizar o crescimento das algas in vitro- foto: Jonny Ken Itaya)

Quando alguém pensa em uma Universidade, automaticamente lembra de pesquisas científicas, pois pelo menos aqui no Brasil, é o lugar onde se faz Ciência. Também se lembram de ensino, já que não vale nada todo o conhecimento se ele não é passado adiante. Mas praticamente NINGUÉM se da conta do terceiro pé: a Extensão, que é basicamente você aproveitar o dinheiro investido na Universidade e tentar retribuir esse investimento de volta para a sociedade.

Professores, funcionários e alunos, todos juntos por uma boa causa

Uma idéia que todo mundo confunde é achar que Extensão cultural é fazer caridade ou trabalho voluntário. O que as pessoas tem que ter em mente é que todo aluno e professor de universidade (principalmetne as públicas) deve destinar parte do seu tempo para atividades de extensão cultural. Não é caridade, é obrigação! Mas para se ter uma idéia, todo mês a Comissão de Cultura e Extensão (formada por professores e representante dos alunos – na época, eu) se reunia para selecionar 3 projetos de todos os professores e alunos para pedir verba para a Universidade. E rarissimas vezes apareciam mais de 3 projetos para serem aprovados… As vezes, somente 2!!!

Extensão cultural também é aprendizado

( USP e as Profissões – Alunos do Ensino médio conhecem as carreiras da Universidade- foto: Jonny Ken Itaya)

Felizmente eu sempre tentei participar da maioria dos projetos que estavam ao meu alcance, pois o aprendizado é muito grande. Por exemplo, recebendo alunos do ensino fundamental e médio na Comissão de Visitas eu descobri meu gosto pelo ensino para crianças do ensino fundamental. Organizando projetos como USP e as Profissões ou ajudando na Semana Temática aprendi como tentar coordenar pessoas e também como ser coordenado. Onde que poderia aprender essas coisas em um curso de Biologia? Sem falar em cursos de aprimoramento de professores de biologia/ciências, técnicos de laboratórios, etc.

Momentos para marcar na memória


(evento recreativo reunindo crianças portadoras de distrofia muscular – foto: Jonny Ken Itaya)

Além de poder melhorar sua formação profissional, você também pode melhorar sua formação pessoal. O dia que os alunos do IB-USP, CCEx Bio (Comissão de Cultura e Extensão – Biologia) e a ABDIM (Associação Brasileira de Distrofia Muuscular) organizaram um evento para receber crianças portadoras de distrofia muscular foi um dos momentos que eu mais cresci como cidadão. Conversar com familiares e portadores da sindrome em um momento de descontração foi uma das maiores experiências da minha vida. Além disso me fez descobrir a importância das pesquisas com células tronco na vida dessas e de milhares de outras pessoas com outros problemas que podem ser curados com o avanço dessa pesquisa!

Sou aluno/ professor de uma Universidade e me interessei. Com quem eu devo falar?
O mais fácil é falar com a Comissão de Cultura e Extensão de seu curso (QUALQUER CURSO – história, odonto, medicina, economia, adminstração, etc) ou da própria universidade. Boa parte da verba da Universidade é destinada para esse fim, porém muitas vezes ela não é utilizada por falta de tempo, de conhecimento ou pior, por falta de vontade. Se você não quiser desenvolver projetos nessa área, pode participar de outros projetos em andamento. Vale muito a pena!

Maiores detalhes:

Comissão de Cultura e Extensão Universitária- Biologia USP
http://www.ib.usp.br/ccex/

Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária – USP
http://www.usp.br/prc/

Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários – UNICAMP
http://www.preac.unicamp.br/mais.html

Ps: Falando em células-tronco, um dos assuntos a ser debatido na gravação dessa semana do Decodificando é a votação no Supremo Tribunal Federal da Inconstitucionalidade das pesquisas com células-tronco embrionárias. Você tem sua opinião? Mande comentário (texto, audio gtalk ou mp3) para [email protected]

(23:57 – em cima da hora!! acho que ainda dá tempo de mandar para o Edney)

Episódio 10 – Legalização do Aborto no Brasil

Voltamos com um tema bem polêmico: A legalização do aborto no Brasil. Discutimos a parte biológica, jurídica, etc.

Não se esqueçam… vocês podem mandar comentários em MP3 ou via audio no Gtalk para podcastdecodificando ARROBA gmail.com . O Decodificando agradece 🙂

0’00” – Abertura: Rafael Portillo, do blog “Teia de Podcasts
0’30” – Considerações iniciais e Campus Party
** – Palestras da CBN e do Campus Party
2’20” – Comentários do Episódio 9 – Rodízio em SP, CPMF, Jeremias e Plágio na Internet
5’20” – Aborto
6’10” – O que é Aborto? (conceitos biológicos e jurídicos)
7’30” – Métodos abortivos mais utilizados
16’00” – Teorias sobre quando começa a vida
20’20”- O que é vida?
** 20’30” Estudo durante a ditadura militar sobre esterilização da população carente
** 23’40” Foto da bicicleta na China
Feto resultante de aborto abandonado na China

(fonte: artigo de Abigail Haworth publicado na revista Marie Claire de Junho de 2001 – edição norte-americana)
** 26’10” Noticia sobre a criança abandonada embaixo do carro
26’30” – Problemas sócio-econômicos
34’00” – Posso processar uma empresa por falha no método contraceptivo?
36’15” – Aborto de Anencéfalo
** 38’00” – Criança anencéfala completa 1 ano
42’00” – Opiniões
** 42’10” Canha, do Podcast Digital Paper
** 45’00” Jucely Benfatti Coimbra, médica psiquiatra e psicoterapeuta
** 50’00” Jonny
** 53’00” Danielle
** 56’00” Amanda
58’30” – “Bolsa Estupro”
60’00” – Motivos religiosos durante a votação

Downloads:
Episódio 10 (MP3, 64 kbps, 64′07″, 29,42 MB)
[audio:http://feeds.feedburner.com/~r/decodificando_podcast/~5/247438890/Decodificando010.mp3]
Episódio 10 (MP3, 16kbps, 64′07″, 7,35 MB)
[audio:http://www.decodificando.com.br/podcasts/Decodificando010low.mp3]
Episódio 10 zip (MP3, 64 kbps, 64′07″, 29,16 MB)

Insetos podem elucidar mortes misteriosas

A entomologia forense, uma área da ciência que se tornou conhecida por causa dos seriados americanos, tem se desenvolvido no Brasil levando-se em consideração a fauna e as características ecológicas daqui.

Quando os exames de praxe que levam em consideração o estado de conservação e o grau de rigidez do corpo, por exemplo, são insuficientes para determinar a data da morte, pode-se recorrer à identificação dos insetos que se alimentam da matéria orgânica em decomposição. Os vários estádios de desenvolvimento dos insetos (eclosão do ovo, transformação em larva ou em pupa) são controlados pela temperatura do ambiente e a disponibilidade de alimento. Como nesses casos comida é o que não falta, a partir da temperatura do corpo e do ambiente é possível estimar quanto tempo levou para que os insetos atingissem o estádio em que foram encontrados e, assim, determinar quando ocorreu a morte.

Já estou até vendo… Uma das novas armas dos criminosos será um poderoso inseticida!

Vacina contra HIV falha em teste

A nova vacina da Merck, que visava aumentar a produção de células-T para incrementar o sistema imune no combate ao vírus da Aids, fracassou em teste clínico. A vacina continha um vírus comum da gripe que carregava cópias de três genes do HIV.

O teste vinha sendo realizado desde 2005 em 3000 voluntários saudáveis, inclusive no Brasil. Metade deles tomava a vacina e metade placebo (grupo controle) e foi observado que não houve diferença entre o número de infectados pelo vírus nos dois grupos, ou seja, a vacina não foi capaz de impedir a infecção nem conter a multiplicação do HIV.

Apesar de decepcionante, certamente a notícia não desencorajará as pesquisas na área.

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Merck abandona testes de vacina contra o HIV

Nova vacina contra a Aids fracassa em teste clínico

XI Congresso Brasileiro de Fisiologia Vegetal – Florestas ou etanol?

No último Congresso Brasileiro de Fisiologia Vegetal, realizado em Gramado de 09 a 14 de setembro, uma das palestras mais comentadas foi a ministrada pelo Prof. Marcos Silveira Buckeridge, da USP, intitulada “Florestas ou etanol: como a fisiologia vegetal pode ser estrategicamente usada para atingir a melhor escolha?” (traduzido). Para o professor, a mitigação da emissão de CO2 tem dois lados: a manutenção das florestas e dos serviços dos ecossistemas (sustentabilidade) e a produção de biocombustíveis.

Em estudos de sua equipe com jatobá, foi verifacado que esta espécie tem capacidade para seqüestrar CO2 e armazená-lo na forma de celulose, o que seria uma característica das espécies da amazônia, mas que varia de acordo com o processo de sucessão ecológica. Em pesquisas com cana-de-açúcar, também foi observado aumento da fotossíntese e, conseqüentemente, de biomassa, fibras e sacarose, apesar de ser uma planta C4.

No Brasil, ente 2005 e 2006, foram produzidos 400 milhões de toneladas de cana, sendo que 90% é constituído por água, ou seja, 40 milhões de toneladas correspondem à massa seca. Dessa massa seca, 40% é carbono, ou seja, 16 milhões de toneladas. Mas….. metade é para a produção de açúcar e as florestas tropicais absorvem 70 bilhões (!!!) de toneladas de carbono. Em suma, a produção de cana cobrirá 0,01% das florestas queimadas.

Existe uma maneira de minimizar o dilema manutenção das florestas x produção de etanol? Para o Prof. Buckeridge uma boa alternativa é a produção de cana com corredores de floresta, desta forma estariam garantidos a produção do biocombustível, um maior seqüestro de CO2 e os serviços do ecossistema. Este é o chamado “environmental friendly ethanol”, já implantado em alguns locais, como às margens da Rodovia dos Bandeirantes.

Mas, será tão simples assim? O que meus colegas biólogos acham?

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